Com
sua política de incentivos fiscais Goiás consegue unir o que há de pior em duas
filosofias antagônicas. Quando se trata de lucro, esse é distribuído segundo a
lógica liberal, indo apenas para os poucos particulares que tiveram coragem de
empreender. Quando o assunto é o custo, aí vale a lógica socialista, devendo o
ônus ser partilhado com toda a sociedade, que tem o dever de financiar os meios
de produção, mesmo que pertencentes à iniciativa privada.
A
proposta do Sindifisco de autorrecuperação fiscal de Goiás apresentada à
imprensa semana passada (31/01/2019), colide justamente com o raciocínio
deletério do custo para todos e o lucro para poucos; e, lógico, já era esperada
a reação contrária dos beneficiários da equivocada renúncia fiscal goiana,
inclusive daqueles que por meio de serviços de consultorias e assessorias
lucram com projetos nesse sentido.
Ao
contrário do doce discurso de desenvolvimento e renda proporcionados por
benefícios fiscais, reconhecidos organismos transnacionais como o FMI, o Banco
Mundial e a OCDE; reiteradamente apontam em seus relatórios que a renúncia
fiscal brasileira possui duvidoso retorno para a sociedade, mesmo sem
considerar as graves distorções apontadas pelo Sindifisco.
Corrobora
com o diagnóstico desses organismos o fato de Goiás patinar há mais de 15 anos
na 9º posição do PIB brasileiro, não obstante figurar como um dos mais
aguerridos em termos de incentivos fiscais, demonstrando que a agressividade de
sua renúncia fiscal durante esse período em nada ajudou melhorar sua posição.
Mesmo
o PIB de Goiás crescendo 12% nessa última década e meia, estados vizinhos
subiram de posição no ranking brasileiro apresentando desempenho três vezes
maior, não obstante possuírem uma renúncia fiscal que é menos da metade da
nossa, a exemplo do Mato Grosso, com crescimento de 53% e Mato Grosso do Sul
com 33%.
Infelizmente,
o projeto goiano de desenvolvimento econômico é concentrado quase que
integralmente na agressividade do seu portfólio de incentivos e benefícios
fiscais, que são oferecidos em detrimento de maiores avanços em infraestrutura
e tecnologia à disposição do investidor; circunstância que acabou colocando
Goiás como refém da própria política de incentivos.
Quanto a rivalidade entre empresas, não podemos confundir competição com guerra fiscal. Na
primeira situação, em regra, vence o mais preparado, na segunda o mais forte.
Os benefícios fiscais goianos sempre estiveram mais relacionados com política e
poder do que com economia e juridicidade, daí a razão das grandes corporações abocanharem para si a quase totalidade da renúncia fiscal.
Isso
explica porque nossa política de benefícios fiscais é social nos custos e
liberal nos lucros: nesse cenário, o mais forte prevalece.
Isso tem que mudar!
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